16 de abril de 2016

Apartment Therapy

(daqui)




Não me lembro da primeira vez que li este nome ou vi este site, mas, tem sido assim, é o que me ocorre quando penso neste último mês. Não tanto na linha do site, mas numa tradução à letra, levada a um outro nível.

A nossa casa não é velha, tens uns quinze anos, e sendo uma construção já deste século, merecia um outro tipo de atenção, talvez um pouco mais de cuidado por parte de quem a construiu.
Como em tantos outros aspectos da vida, só ficamos mesmo conhecedores das situações depois de embarcarmos nelas. Com as casas é a mesma coisa. Só depois de lá vivermos é que percebemos bem os materiais de que são feitas.
E infiltração após infiltração decidimos que estava na hora de mudar umas coisas.
Nós saímos e o Paulo entrou.
O Paulo trata-nos do quarto, da casa de banho, e da infiltração massiva do corredor, uma daquelas que deixa chover dentro de casa quase tanto quanto na rua - é um exagero claro, mas é o que sinto quando depois de uma chuvada forte me começam a cair gotas de água dentro de casa. Um desespero.

E nós saímos porque temos a sorte de  ter guarida em casa do avó e do avô.
Estou a cinco minutos da escola e do trabalho, é outra qualidade de vida. E assim começa a tal da terapia.

Mudámos temporariamente de casa, temos a mesma vivência numa casa diferente. Bastam-nos cinco minutos para chegar a onde interessa e nesse aspecto o stress é menos de zero.
Aqui da janela vemos muitas casas, muitos carros, muita estrada, mais do que aquilo a que estamos habituados, mas, tem o seu encanto, é como se estivéssemos de férias. Às vezes imaginamos em voz alta como poderemos mudar a nossa vida um pouco mais para facilitar o que não está tão bem. É bom sonhar que podemos fazer muita coisa.

Gosto muito da minha casa e do local onde ela está. Muita natureza, muitos bichinhos, vizinhos simpáticos e muita tranquilidade mas, como diz uma amiga minha, são anos de vida que se perdem no transito todas as manhãs.  Não é fácil.

Este últimos mês reforçou o que tenho vindo a aprender nos últimos anos, não precisamos de muito para viver.
Viemos por três semanas e já lá vão seis. As obras têm este condão, de se prolongarem indefinidamente. 
Não temos pressa, estamos bem mas não viemos propriamente preparados para meses de estadia - daí dizer que podemos mesmo viver com muito pouco ( e apesar de estarmos perto de casa, temos tudo encaixotado e armazenado, é pouco útil recorrer a alguma coisa que não tenha vindo).
Cada vez mais reforço o quanto melhor é possuir uma experiência/vivência do que um objecto. Não há comparação possível.

Mas a "terapia" tem sido interessante, estou de volta ao meu antigo espaço (ao meu quarto) mas já foi há tanto tempo, já não tem nada de mim. A vida continuou e eu também. 
É giro perceber que a vivência muda em função do espaço e a nossa interacção também. Estamos os três em vez de cada um se espalhar pelo seu espaço. O espaço é e não é nosso. A avó e o avô às vezes estão e outras não estão. E até a Mia se porta de forma diferente.

E eu aprecio um espaço diferente com uma decoração diferente e uma luz diferente. Encanto-me com essas pequenas coisas porque é bom gostar do que temos.
Quando voltarmos teremos uma noção diferente de tudo o que está a mais, de tudo o que já não nos serve porque nem sentimos falta, e seremos também já capazes de fazer as mudanças que antes não víamos necessárias.

2 comentários:

ideias caídas das nuvens