10 de novembro de 2016

Orçamento a votos


Para o cidadão lisboeta mais distraído, o Orçamento Participativo de Lisboa está a votos. São 182 projetos para eleger 88.
No site [Aqui] explica tudo. Clicando em "Edição Atual" e depois em "Projetos em Votação" dá para ficar a conhecer cada um deles. Cada cidadão tem dois votos - um para projeto estruturante e outro para projeto local. Votar é fácil, pode ser presencialmente, por internet ou, o meu preferido, mandar um SMS gratuito para o nº 4310 com  o nº do projeto que queremos.
A votação decorre até 20 de Novembro. 

9 de novembro de 2016

Democracia

Chama-se democracia, é o poder do povo, na sua mais simples definição. E é isso que é preciso respeitar.
Claro que nos perguntamos como tal foi possível, mas na verdade não interessa porque não muda nada. Já conhecemos a imprevisibilidade americana nestas coisas, de outros carnavais.

Não que as pessoa não possam decidir, de repente, votar à esquerda ou à direita mas, votarem em alguém que não tem valores nem princípios nem ética, deixa-me um bocadinho arrepiada. 
Mas pronto, muito já se disse e escreveu (e se viu) sobre as “virtudes” do senhor em questão.

Mas a ideia aqui era outra, de manhã queria explicar ao meu filho o que se tinha passado durante a noite. Não tive muito sucesso porque a atenção dele estava mais virada para o jogo que estava a jogar do que para a minha conversa.  Comecei por lhe dizer que nas eleições dos Estados Unidos tinha ganho um senhor que não era nada educado e não me parecia ser boa pessoa, disse-me que já sabia… era Donald (como o pato) Trump, tinha ouvido nas notícias.

Eu tinha imaginado uma conversa, nos trinta minutos que temos de trânsito para a escola, em que lhe falaria dos valores humanos, dos direitos, das diferenças culturais e do quanto isso pode ser enriquecedor, na satisfação de aprender uma língua e comunicar porque se somos todos iguais no mais importante que define o ser humano, também somos todos diferentes nas escolhas e gostos e vontades, e, essa descoberta no outro é valiosa, e o respeito deve prevalecer sempre.
Claro que a conversa ficou para outro dia.  Disse-lhe que sim, é Donald como o pato e pensei no boneco a explodir de raiva quando as coisa não lhe correm de feição, e cheguei à conclusão que talvez o meu filho soubesse mesmo do que estava a falar.

E sobre isso, de explicar às crianças… vale a pena ler este artigo do Público e mais este Huffington Post.

7 de novembro de 2016

Vem aí o S. Martinho


Quentinhas, agora sim, já apetece!
É já na próxima sexta, dia de S. Martinho, das 11:00 às 22:00h.
A CMO oferece aos munícipes e a quem quiser lá dar um saltinho, no Centro Histórico de Oeiras, 3 toneladas de castanhas - assadas!!!
O ano passado não estivemos lá mas em 2013 foi assim. E em 2012, assim
E às 18:30h inauguram-se as luzinhas de Natal.
Fica o convite.

3 de novembro de 2016

A magia de crescer


Na semana em que perdeu três dentes, fez também os sete anos e recebemos este video por email. 
O tempo passa demasiado depressa e a pressa de crescer é tanta que quase não têm tempo para apreciar a magia. Por isso fazemos questão de insistir um bocadinho, a magia na infância é poderosa, daí virão memórias e emoções que nos fortalecerão ao longo da vida.

Até 2086

E posto isto, (aqui), já vamos com dois dias de atraso, era já hoje, agora mesmo, sair porta afora e voltar (provavelmente sem vontade) só lá para janeiro.
Aproveitar os 20º e dar um passeiozinho no paredão em Oeiras, ou ir já para o alentejo e só voltar a falar em Lisboa para o ano, ou aproveitar qualquer outra coisa, uma qualquer. 
Já que valemos menos, façamos alguma coisa que nos alegre.
Não consigo, no entanto, deixar de pensar no porquê?
Valemos menos porquê? Temos dois braços, duas pernas, estudamos, trabalhamos, organizamos a casa, a família, tratamos dos filhos, dos pais, do marido... 
Talvez façamos demasiadas coisas. Talvez seja a ideia de "o que é demais enjoa", talvez seja isso. Estamos demasiado lá, as pessoas enjoam-se de nós, fartam-se. Não lhes damos oportunidade de sentirem a nossa falta, aconteça o que acontecer, estaremos sempre lá, garantidamente, têm-nos por garantidas. Somos um mal necessário.
Brinco, mas, estarei assim tão longe da verdade?
O que faremos para mudar isto?





O doce (de) Halloween

Entrar a matar (ou a cortar)


Uns dedinhos de zombie, cortados de fresquinho, para acompanhar o café ou o chá.
A criança da casa não achou muita piada, diz ele que não gosta de amêndoas... e pensando bem, é verdade, não que não goste de amêndoas, mas todo o resto implícito, se calhar andamos todos a exagerar um bocadinho. E é em escalada, não sabemos fazer a coisa de mansinho. 
Quando eu era miúda (nem havia halloween), se por acaso nos apetecesse brincar a alguma coisa assim mais visualmente forte, fazíamos um risco na cara com uns tracinhos atravessados e tínhamos uma cicatriz para nos assustarmos umas às outras na brincadeira. Não havia nada tão visualmente descritivo de coisas nojentas e assustadoras como hoje. É um milagre eles não acordarem com pesadelos. 
Ainda assim este ano deu-me para isto, nem faria nada se na escola não pedissem sempre aos pais para fazerem umas coisas horripilantes para comer. Na escola tudo é uma festa.

Caso interesse, é a massa das bolachas de manteiga, vai ao forno com a amêndoa e depois (para que a amêndoa não caia), é colada com doce de morango. A massa fica mais escura que o normal porque uso açúcar de côco (que é castanho escuro). A ideia veio da net.


26 de outubro de 2016

Tão desiguais que nós somos

Daqui

A (des)igualdade económica dos géneros está hoje nos jornais.  
Segundo o Fórum Económico Mundial, a igualdade só será atingida dentro de 170 anos (as projeções do ano passado apontavam para 118 anos), por isso, até 2186 as nossas filhas, netas, bisnetas, trinetas e as suas filhas, trabalharão bem mais para conseguir ganhar tanto quanto qualquer homem que faça o mesmo que elas, tendo estudado o mesmo (ou mais) e tendo até, muitas vezes, obtido melhores resultados que eles. 
Seria possível imaginar o oposto? Claro que não, e também não seria justo.

A Islândia lidera o ranking dos países com menor fosso económico entre homens e mulheres, com um governo que se diz empenhado em acabar com essa desigualdade até 2020.
Em 1975, 90% das mulheres Islandesas fez greve no dia 24 de Outubro, ganhavam menos 60% que os homens. 41 anos depois, elas ganham menos 14% a 18% que eles, e às 14:38 de segunda-feira passada, hora a que teoricamente começam a trabalhar de graça, elas fizeram greve.
É o Women's Day Off, um dia de ação e protesto, um dia para sublinhar a importância da mulher na sociedade e a sua contribuição para a economia do país. Que bom para elas.

Num país em que se fez uma revolução com cravos (orgulho!), não há grande tradição de protestos no feminino, estamos em 31º lugar com tendência a descer. A nosso favor talvez estejam mesmo estes exemplos que vêm de fora (que nos podem fazer ter um bocadinho de vergonha na cara), isso e o facto de ainda não nos ter dado na veneta fazer um "Tug(a)exit".

Outro exemplo a ensinar-nos qualquer coisa? Rwanda!

9 de agosto de 2016

Funchal

Vemos as notícias e ficamos aterrados. Pensamos nas pessoas que conhecemos, e nas outras também.
Empatizamos e não podemos fazer nada. Estamos longe, assistimos incrédulos às imagens do desespero.

Ainda não eram oito da noite, ouvi nas notícias, que o exército ía ser enviado. Às dez da noite ainda não tinha saído ninguém. Se o exército existe para dar resposta a estas situações, se tem os meios para tal, porque é que só vai quando a situação já é de calamidade?
Mesmo por cá, no continente, bombeiros exaustos há 3 e 4 dias a combater frentes de não sei quantos quilómetros. E o exército? Está de prevenção a quê?

E agora? Vamos continuar  a colocar os pirómanos com termo  de identidade e residência (vê-se  que serviu de muito e teve bons resultados) e permitir-lhes continuar a comprar fósforos? 
Vamos responsabilizar quem de direito ou vamos esperar para ver se o Cristiano Ronaldo se chega à frente para ajudar a sua querida Madeira e desresponsabilizar os (ir)responsáveis? É que Portugal vive muito disso. Há sempre gente pronta a ajudar (e ainda bem) e há sempre quem se aproveite disso.

"Não se pode chamar pirómano" diz a senhora na televisão. Se um sujeito  matar alguém com uma arma, vai preso, se outro incendiar uma aldeia e der cabo da vida a não sei quantas famílias... tem que se fazer um estudo e não se pode chamar pirómano porque pode ser o álcool, uma depressão, uma comissão que queira fazer um estudo e de quem ele se possa aproveitar, etc.
Há qualquer coisa na lei de muito podre. Quase que se protegem mais os delinquentes - coitadinhos, precisam de ser reabilitados - do que as vítimas... É mais reagir do que prevenir, ou será impressão minha?
Há qualquer coisa na forma como  se vive em "justiça" que cheira muito mal.

Tive que virar costas, não conseguia mais ver as imagens.
Estes fogos, toda esta loucura, é extremamente injusto.  Ninguém merece isto.

O fumo que cobre o país

Lisboa, hoje, 7 da manhã
O ar está pesado, é difícil respirar. Não é só o calor, o cheiro do fumo está por todo o lado, e, dentro de nós, porque sabemos o que se passa no país, algo nos leva à janela e faz-nos olhar em volta, só para prevenir qualquer coisinha.

As imagens sufocam em todos os sentidos, e nós sufocamos com eles, bombeiros, vitimas, pessoas que ajudam, animais. É preciso coragem para ser bombeiro neste país. É preciso coragem e uma vontade muito grande de ajudar os outros.

Dizem que é a doença, ou, em alguns casos, talvez seja uma forma de se adquirirem terras, ou levar a cabo alguma vingança, ou talvez um cigarro, ou um pedaço de vidro, ou a tal fogueira, ou o foguete, ou... ou.
São demasiadas hipóteses, o pior são as vidas que se perdem. 

E o ar pesa, e o fumo está por todo o lado, parece que o país inteiro ardeu numa noite.

7 de agosto de 2016

Um bom conselho para este verão



Sem querer "envangelizar" ninguém, partilho aqui bons conselhos. Até porque no verão é mais fácil, vivemos bem com as saladas e a fruta. É uma excelente altura para começar.
Conforme o hábito vai tomando conta de nós, torna-se cada vez mais fácil arranjar alternativas. Depois sentimo-nos melhor e ficamos mesmo mais saudáveis. Claro que viver à custa de massa e pão, não conta. Na net existem milhares de sugestões onde encontrar ideias. A proteína vegetal é uma boa substituta e não pode ser esquecida.
Para o bem da nossa saúde, vale a pena pensar no assunto.
Como alguém dizia não há muito tempo, "comer animais já não é uma causa pela sobrevivência, é uma escolha!" e não é assim tão saudável.


25 de julho de 2016

O campo tem destas coisas, ou, o que nos tira o sono

Com as férias ainda a alguma semanas de distância, vamos enganando o cansaço com as idas, todos os fins de semana, ao Alentejo.

Tirando aquelas noites abrasadoras, temos conseguido dormir melhor lá (no campo alentejano) do que cá (na grande cidade). Talvez pela sugestão do descanso.

Todas as manhãs antes das 7 da manhã, o pastor passa (não muito longe de nossa casa) pelo caminho de terra batida, e o chocalhar do rebanho não incomoda, faz parte dos sons frescos da manhã, tal como os passarinhos e ainda alguns grilos.
Mas ontem, perdeu-se uma ovelha, às vezes acontece, alguma que vai mais distraída a pensar na sua vidinha e acaba tresmalhada por algum tempo. E perdeu-se por ali, relativamente perto da casa. Durante uma meia hora que me pareceu infindável, a coitada, assustada, baliu.  E baliu  como se não houvesse amanhã. Ao longe outra ovelha respondia-lhe e, durante quase 30 minutos, o diálogo manteve-se, tão alto quanto as cordas vogais lhes permitiram.
Para ajudar, um galo, suficientemente perto para chatear, teimava em meter-se na conversa.
Eu, de janela aberta por causa do calor, já não preguei olho.

A semana passada foi uma cobra que depois do jantar nos entrou dentro de casa. A correria e a confusão eram tantas. Luzes acesas, portas escancaradas, e o bicho, talvez mais por susto do que por vontade, lá entrou casa a dentro, direitinha ao nosso quarto. Por sorte vimo-la  senão ainda lá estava, atrás do roupeiro. Tirá-la de lá foi uma aventura, foi mais uma que valeu pela excitação dos miúdos. E lá foram eles todos atrás do avô que conseguiu agarrar a cobra pelo rabo e levá-la pendurada para longe da casa.
Adormecer nessa noite foi mais complicado.

O campo tem destas coisas. E não as trocávamos por nada.

21 de julho de 2016

Afirmação


Está a crescer, encontra formas de se expressar. O pensamento foge-me e imagino-o a descobrir as tatuagens. Não me retenho muito tempo nesta ideia, não vá ele perceber só de olhar para mim.

É um período de mudança, a deixar uma fase e a entrar noutra. O resultado é encantador, a atenção divide-se e mistura-se entre as coisas infantis e as juvenis.

Adoro!

15 de julho de 2016

14 de julho de 2016

12 de julho de 2016

Domingo de jogo





Saímos do Alentejo já pelas 19:30.  A ideia era ver  o jogo já em casa mas, há sempre qualquer coisa que nos atrasa - o meu marido diz que sou eu -  eu tenho outra opinião mas agora, para o caso, não interessa nada.
À hora certa (a do jogo) começam as rádios com os seus relatos. O locutor da RR (se não me engano) diz que Ronaldo a entrar em campo passou pela taça (o tal do caneco) e lhe piscou o olho: "... e pisca-lhe o olho, Ronaldo quer segurar no caneco!..." e lá continuou.
A estrada, deserta, fantástica, o sonho de qualquer automobilista. Até a entrada na ponte Vasco da Gama, sempre com aquela fila nas portagens, estava vazia.

Decidimos comprar uma pizza para o jantar porque com o jogo e àquela hora, era o melhor a fazer. A pizzaria de eleição estava com 3 horas de espera, sim, 3! E era pizza para levar para casa... e o rapaz da pizzaria pediu desculpa mas era por causa do jogo... pois era, por causa do jogo, tivemos todos a mesma ideia. Passámos noutra, não é a mesma coisa.

O tempo passou e todos sabemos o que aconteceu, o pessoal gritou e vibrou e quase toda a gente chorou. Eu não chorei, não que seja insensível, mas porque me recuso a chorar por causa de futebol. A sério. E desculpem-me por não entender como posso estar errada.
Adoro o meu país, e nos jogos vibro e defendo-o com unhas e dentes mas... choro por outras causas. Claro que fiquei feliz, muito feliz. E acompanhei a chegada da seleção e adorei que depois de tudo de menos bom  que o mundo (França) disse de nós, tenha tido que o engolir.

A piada maior surgiu ontem à noite com a petição francesa para repetir a final do Euro. Oh, coitadinhos, eu explico, na box podem andar para trás na setinha dupla, aquela virada para a esquerda (mais ou menos isto: <<) e voltar a ver as vezes que quiserem. Vejam, vejam muitas vezes e aprendam. Em 2004 demos ao mundo uma lição de desportivismo, depois de perder com a Grécia na final (em casa) fomos juntos festejar com eles. Alguém morreu por isso? Ficámos tristes sim, mas é a vida, ganham-se umas e perdem-se outras. Ninguém ficou ressabiado.  E tenham vergonha, já chega, calem-se lá com isso. Para o ano há mais - ah é verdade, não, para o ano é a taça das confederações, só lá vão os campeões... pois, azar!  
Querem tanto ser os melhores e mostrar ao mundo, então sejam homenzinhos, deixem-se de birras. E pronto, não merecem nem mais uma palavra.

E viva Portugal!

25 de abril de 2016

E viva a Liberdade





Grândola pouco ou nada teve a ver com o 25 de Abril.  Grândola do 25 de Abril foi uma música. E a Grândola real apesar de ter percorrido o seu caminho desde 74, permanece meio  parada no tempo.  
Os foguetes à meia noite assinalaram a liberdade e hoje muita gente de passagem fotografava o monumento ao 25 de Abril.
Grândola  converteu-se num símbolo. E como um parente afastado, vive da fama que o nome alcançou. 
Grândola é uma vila morena, queimada pelo sol e pelos que a têm governado. E como vila não tem nada para oferecer.
A minha Grândola  é outra, é a Grândola da família, construída de muito trabalho. Longe do seu pequeno centro e das suas ideias.
Tem bom ar, muita natureza, e um tempo de fazer inveja ao resto do país. Estamos no campo, na encosta da serra, e bem pertinho do mar.
A minha liberdade é sempre lá que a encontro.
Grândola não precisa estar na linha da frente, Grândola só precisa de começar a sonhar um pouco mais, e provar que é bem mais do que  Zeca Afonso fez dela.
E com azinheiras sem idade, Grândola, eu e o país celebramos o fim de uma ditadura que certamente não nos permitiria escrever assim.
E viva a Liberdade.

A vida num feriado


Um calor aconchegante envolve-nos. No ar o perfume da natureza é intenso, escolho uma laranjeira e sento-me à sombra. 
Um mundo de azáfama cobre cada uma das árvores e fico a ver o vai e vem dos insectos. 
Os pássaros mais ao longe e os insectos bem perto de mim são os únicos sons presentes. As cores vivas e metalizadas de alguns bichos despertam-me a atenção. A natureza é brilhante.
Fecho os olhos e inspiro tudo, sinto-me desperta e feliz. É de manhã, por isso a moleza ainda não anda por perto.
Vesti uma t-shirt, uns calções e calcei chinelos. Há uma eternidade que não vestia algo tão leve, o corpo agradece. Está um dia de verão. 
Ao longe, na vila, a sirene dos bombeiros toca o meio dia. Preparamos uma mesa na rua e almoçamos as ervilhas que colhemos ontem ao final do dia. 
O sol forte queima e agora sim, a moleza instala-se.
 Ficamos na mesa à conversa. 
Este ano faltam membros da família, somos cada vez menos. Falamos deles, recontamos  histórias e assim permanecem connosco.
A única intranquilidade cá dentro prende-se com a viagem que ainda temos que fazer para Lisboa, nem falamos disso para fingir que não existe. Deixamos o tempo passar. 
Está um dia de verão.

19 de abril de 2016

16 de abril de 2016

Assustador

A criança cá de casa recebe 10€ por mês (de mesada) porque está a juntar para comprar o seu tablet.
Porque cá por casa também já pouco se emprestam tablets, e às vezes de castigo já se passam semanas sem poder tocar no telefone (da mãe ou do pai). Depois vejo reportagens como esta e a minha cabeça começa a viajar naquelas viagens que só os pais conseguem ter,  daquelas viagens alucinantes que nos deixam de coração nas mãos o resto da vida. E questiono-me se estaria no meu juízo perfeito quando concordei com esta coisa de mesada (e ele não sabe que por cada dez euros que recebe para o mealheiro do tablet, eu retiro 5 para a conta dele...).
Fiz questão de o sentar ao meu colo para ver a reportagem comigo. Mas por enquanto ele consegue explicar tudo muito bem e diz que não passa seis horas seguidas a jogar.  Pois não, a bateria do telefone não aguenta  ou então está na escola...
A não deixar de ver. 
Só um alerta: Para quem não viu a reportagem da RTP em Janeiro, é garantidamente causadora de pesadelos.

Maldita varicela

A varicela chegou disfarçada como qualquer outra virose que se preze. Chegou certa manhã com uma baba que deu muita comichão e pôs-me à procura de melgas no quarto da criança. Depois, ao fim do dia, veio a ameaça de febre e o piolho ficou todo sarapintado, a varicela instalou-se em força. 
Tinha feito uma visita aqui há uns quatro anos mas foi tão levezinha que quase não demos por ela. Mesmo das duas vezes anteriores que visitou a escola, não quis nada connosco.
Agora anda por aí em força, em várias escolas, e várias casas. 
E sendo improvável, parece que não é tão raro assim apanhar varicela uma segunda vez. O chato foi ter levado o miúdo a passar pela vacina. E afinal era escusado.
Fiquei também a saber de um menino que teve varicela três vezes, foi-me dito pela própria mãe. Não sei se foi algum caso de sistema imunitário mais debilitado, mas aconteceu.
A semana passou-se em part-time, ora em casa, ora a trabalhar. Ora com a mãe de plantão, ora com o pai. Todos os dias chegaram trabalhos da escola e essa foi a pior parte, mas agora acho que as saudades dos amigos já são tantas que tudo vai correr bem no regresso de segunda-feira.
O bom (!) é que não foi um drama, apesar de tudo, foi tranquila esta passagem da doença. Só houve febre na primeira noite e curiosamente, não houve comichões (excepto aquela primeira baba). Por via das dúvidas houve banho com farinha Maizena, e uma colherzinha de sobremesa de anti-histamínico ao deitar e isso deve ter feito toda a diferença.

(tinha dois "nús" artísticos para colocar neste post mas o blogger não está a colaborar...)

O que as mães sabem

Eu sabia, eu sabia que havia uma boa razão para ter um filho aos 38!
Aqui

Apartment Therapy

(daqui)




Não me lembro da primeira vez que li este nome ou vi este site, mas, tem sido assim, é o que me ocorre quando penso neste último mês. Não tanto na linha do site, mas numa tradução à letra, levada a um outro nível.

A nossa casa não é velha, tens uns quinze anos, e sendo uma construção já deste século, merecia um outro tipo de atenção, talvez um pouco mais de cuidado por parte de quem a construiu.
Como em tantos outros aspectos da vida, só ficamos mesmo conhecedores das situações depois de embarcarmos nelas. Com as casas é a mesma coisa. Só depois de lá vivermos é que percebemos bem os materiais de que são feitas.
E infiltração após infiltração decidimos que estava na hora de mudar umas coisas.
Nós saímos e o Paulo entrou.
O Paulo trata-nos do quarto, da casa de banho, e da infiltração massiva do corredor, uma daquelas que deixa chover dentro de casa quase tanto quanto na rua - é um exagero claro, mas é o que sinto quando depois de uma chuvada forte me começam a cair gotas de água dentro de casa. Um desespero.

E nós saímos porque temos a sorte de  ter guarida em casa do avó e do avô.
Estou a cinco minutos da escola e do trabalho, é outra qualidade de vida. E assim começa a tal da terapia.

Mudámos temporariamente de casa, temos a mesma vivência numa casa diferente. Bastam-nos cinco minutos para chegar a onde interessa e nesse aspecto o stress é menos de zero.
Aqui da janela vemos muitas casas, muitos carros, muita estrada, mais do que aquilo a que estamos habituados, mas, tem o seu encanto, é como se estivéssemos de férias. Às vezes imaginamos em voz alta como poderemos mudar a nossa vida um pouco mais para facilitar o que não está tão bem. É bom sonhar que podemos fazer muita coisa.

Gosto muito da minha casa e do local onde ela está. Muita natureza, muitos bichinhos, vizinhos simpáticos e muita tranquilidade mas, como diz uma amiga minha, são anos de vida que se perdem no transito todas as manhãs.  Não é fácil.

Este últimos mês reforçou o que tenho vindo a aprender nos últimos anos, não precisamos de muito para viver.
Viemos por três semanas e já lá vão seis. As obras têm este condão, de se prolongarem indefinidamente. 
Não temos pressa, estamos bem mas não viemos propriamente preparados para meses de estadia - daí dizer que podemos mesmo viver com muito pouco ( e apesar de estarmos perto de casa, temos tudo encaixotado e armazenado, é pouco útil recorrer a alguma coisa que não tenha vindo).
Cada vez mais reforço o quanto melhor é possuir uma experiência/vivência do que um objecto. Não há comparação possível.

Mas a "terapia" tem sido interessante, estou de volta ao meu antigo espaço (ao meu quarto) mas já foi há tanto tempo, já não tem nada de mim. A vida continuou e eu também. 
É giro perceber que a vivência muda em função do espaço e a nossa interacção também. Estamos os três em vez de cada um se espalhar pelo seu espaço. O espaço é e não é nosso. A avó e o avô às vezes estão e outras não estão. E até a Mia se porta de forma diferente.

E eu aprecio um espaço diferente com uma decoração diferente e uma luz diferente. Encanto-me com essas pequenas coisas porque é bom gostar do que temos.
Quando voltarmos teremos uma noção diferente de tudo o que está a mais, de tudo o que já não nos serve porque nem sentimos falta, e seremos também já capazes de fazer as mudanças que antes não víamos necessárias.

31 de março de 2016

Contar Histórias


Um programa que pode ser engraçado para toda a Família. E mais ainda porque o fim de semana avizinha-se  chuvoso.

29 de março de 2016

Num mundo à parte


Imagem tirada da net

Andamos todos tão ligados (ou tão desligados).
Aqui por Benfica, por onde passo todos os dias (e de que posso falar), não é só a população mais velha (que chega à beira de estrada com uma atitude muito própria da idade), é a população nova  também, que se  atravessa na estrada sem olhar sequer.  Porque vão a falar ao telefone envolvidos na conversa, ou porque não podem tirar os olhos do ecran.  É assustador.  Queremos tanto estar ligados que desligamos completamente da realidade.

Na passadeira (e fora dela também) o peão tem sempre prioridade, mas a passadeira não é um livre acesso que protege em caso de embate. O peão pode ter toda a razão, mas depois de levar com um carro em cima, de que lhe serve a razão? Haverá dinheiro suficiente que compense ficar numa cadeira de rodas? Haverá dinheiro que compense a perda de um ente querido?  E haverá condutor que queira mesmo atropelar alguém?

Umas vezes sou condutora e outras sou peão. Não me atrevo a atravessar sem ter a certeza que o condutor me viu. Os carros são máquinas mas os condutores não são, errar é da qualidade humana e são as pessoas que controlam (ou não controlam) os carros. Ninguém é infalível.
Parece-me que pedir aos peões que olhem antes de atravessar não é pedir muito. Atravessar sem olhar por vezes nem dá tempo ao condutor para travar.

Estes sinais de trânsito que apareceram na Suécia parecem um exagero, mas o ser humano é assim, vive no seu mundo, quando não é o telemóvel, é a vida, o trabalho, os filhos, as contas para pagar... Andamos todos tão desligados.
Por favor, olhem para a estrada, façam uma pausa e olhem antes de atravessar. E alertem os miúdos também. 
Quando era pequenina a canção dizia "olha à esquerda até ao meio da rua, depois à direita..."

28 de março de 2016

Março




Março veio, não tão quente como das outras vezes, mas, igualmente desafiador.
Completou-me mais um ano de vida, e, embora muitas vezes nem dêmos conta, esse é o nosso maior desafio. Envelhecer. 
Em português não temos como expressá-lo, os ingleses dizem-no bem, "aging without growing old". Nós, quando muito diríamos "envelhecer bem".
O meu filho rapta-me dos pensamentos, oferece-me as prendas mais especiais. As vezes que diz que me adora compensam  por todas as introspecções que vêm e que estão por vir.

O Dia do Pai levou-nos ao Chapitô, o mano Paulo esteve em Lisboa e dias especiais passam-se em sítios especiais com pessoas especiais. 
Tem uma paixão imensa pelos irmãos. 
"Mãe, adorei a minha primeira vez num bar", pois adorou mas foi por causa do mano e dos amigos do mano e de toda a atenção que recebeu.

Em contraste, a tranquilidade da Páscoa, como qualquer momento passado no Alentejo, é sempre de ar puro e andar na rua. E se os dias de sol de 19ºC se mostraram luminosos e coloridos, não foram os de chuva que nos estragaram a disposição. 

O filho ficou. Nós voltámos silenciosos para Lisboa, faltava-nos algo.






























Está de volta

A senhora dos lenços




8 de março de 2016

Em perspectiva

Dia Internacional da Mulher.
Inspirada pelas imagens e pelas palavras, preparava-me para incorporar este video no blog para que outros se inspirassem igualmente. Porque vivemos num mundo em que o mesmo trabalho tem dois pesos e duas medidas. Porque infelizmente, à partida (e não poucas vezes, à chegada também), a mulher e o seu trabalho valem bem menos.

Depois, seguindo um pouco mais fundo, porque o mundo tem outras realidades, e em perspectiva, aos olhos de quem tem menos, vivemos vidas de sonho,  senti-me quase fútil na minha preocupação com a (des)igualdade. Igualdade é um mundo em que todos, todos somos tratados de igual forma e todos temos as mesmas oportunidades. E porque a vida deve  ser sempre a prioridade, envergonho-me, de neste meu mundo não haver muitas vezes espaço para  esta verdade.
Escolhi outro video de outra realidade, bem mais crua, bem mais válida, bem mais importante para ser divulgada num dia como o de hoje.
Aqui




24 de fevereiro de 2016

The Big.. insanity

Não sei o que se passa nas outras casas com as outras famílias mas, haverão por aí outras crianças de 6 anos completamente... (até me falta a palavra) viciadas, enfeitiçadas, sei lá, com o concurso The Big Picture?
É todos os dias uma fita, todos os dias vemos a sessão do concurso do dia anterior - o puto deita-se às nove, por isso andamos um dia "desfasados" em relação à emissão real. E anda de volta do pai para fazer a aplicação e é a loucura, a dele por aquilo, e a nossa porque já não aguentamos mais.
Enquanto não colocamos a emissão na tv não pára de falar e de pedir e de saltar.

Começa o concurso e ele olha para nós, quando damos a resposta, ele reforça com a "aposta" dele (que é a mesma que a nossa), fica numa aflição, aos saltos, à espera da confirmação.... Céus, não sei se ria ou se chore, não sei se me preocupe (é um jogo) ou se me orgulhe (é cultura geral).
Adora perguntas, adora adivinhas, adora ser desafiado, mas também adora jogar. E aquela insistência, é o "the big pictshure" a toda a hora (a toda a hora, mesmo!), com sotaque british e tudo.  Já não há pachorra!

Quando lhe pergunto porque é que gosta tanto daquilo ele diz que é para aprender. Eu acho que é para ver quantas acerta. 
Vou fazer um "big picture" caseiro com a tabuada e soletração de palavras.

Alguém por aí a passar por isto? Sugestões para não enlouquecer?

22 de fevereiro de 2016

As árvores

Tudo o que vemos transforma-nos de algum modo.
Estas fotos têm já algum tempo, estavam "da lado" passou-se quase um ano, embora elas (árvores) se mantenham no mesmo local, com a mesma roupa.  
Hoje lembrei-me delas, não sei porquê, talvez porque tenha visto andorinhas no sábado e a Primavera esteja a querer fazer-se anunciar dentro de nós, quem sabe?
Partilho pela mesma razão que as fotografei, não só porque acho piada, mas porque implica uma ideia, um projecto, um tempo de dedicação e um resultado engraçado, colorido, que anima o local. Não acho que as árvores se importem. Acho que o facto de olharmos e sorrirmos as transforma também.
Coisas minhas.











E a vida continua


Os últimos tempos têm sido... estranhos. 
Por muito que se saiba que a vida não é infinita e por muito que uma família se prepare para um final que se adivinha próximo, nunca na verdade se está preparado para o tal adeus definitivo.
Pelo G, mantemos a vida o mais normal possível, explicámos-lhe que o avô partiu e que o papá estava muito triste, pelo que esta ida ao norte, não seria por nenhuma festa ou reunião animada de família.
E reconforta-me que lá tenhamos estado todos juntos em Novembro no 91º aniversário do avô.

 O tempo esta semana foi mais gentil. Lembro-me quando o meu avô faleceu, há 12 anos, lembro-me de no dia seguinte estar um dia de sol e eu pensar que nada no planeta deixava adivinhar que ele tinha acabado de partir, que o mundo no dia a seguir se tinha atrevido a girar e o sol atrevido a brilhar como se nada fosse.
A semana passada choveu e nevou e fez um vento gélido enquanto nos despedíamos do avô "Manel". Esta semana o sol esteve connosco todas as horas do dia.
Neste sábado, quando iniciávamos o regresso a casa, a imagem da Serra ao longe parecia falar-nos.
E se assim o pensámos, melhor o fizemos. Sem que tivéssemos minimamente preparados, virámos à esquerda em vez de seguir para sul.

A pureza do branco por todo o lado  e a frescura do ar,  pareciam limpar-nos a alma. Esteve um dia maravilhoso que parecia querer compensar-nos do escuro e triste adeus da semana anterior. Deu para sair do carro, enterrar mãos e pés na neve como se de areia se tratasse. Deu para o G compreender a neve e perceber como foi uma infância (do pai) aos caprichos das condições atmosféricas junto à Serra de Montemuro. "Oh mãe, eu queria tanto ter nascido aqui!"
Nasceu em Lisboa, e talvez por isso aprecie melhor estas viagens e as emoções que a natureza nos pode proporcionar.

Saímos dali mais leves.