30 de abril de 2015

As notícias

Todos os dias quando chego ao trabalho ligo o computador, vejo os emails, "assino" os recibos de leitura e passo os olhos pelos jornais do dia (email com os destaques do dia  dos jornais nacionais). Todos os dias tenho o mesmo pensamento, todos os dias decido que vou anular a subscrição das notícias porque todos os dias chego ao fim do email a sentir-me mal, nauseada e à beira das lágrimas.

Questiono-me como é possível que façamos certas coisas uns aos outros.
A cada dia penso que será impossível vir a sentir-me pior, mas o dia seguinte consegue sempre surpreender-me, porque no dia seguinte, por incrível que pareça, há sempre uma notícia mais sórdida que as anteriores. É um crescendo.
Como é que nos conseguimos manter sãos? Seremos mesmo sãos?
Porque é que as notícias são assim? Porque é que os jornais vivem disto? Porque é que as pessoas consomem estas coisas?
Parece que quanto mais se noticia, mais entra pela vida, mais real se torna e mais cai na banalidade. Estaremos todos dormentes?

Porque é que teve que haver uma (reunião de uma) equipa multidisciplinar para (estudar aspectos éticos, jurídicos e sociais) para decidir se uma criança de 12 anos interrompia ou não uma gravidez [fosse essa gravidez resultante de um abuso ou "não"]. Uma criança de 12 anos!
E vivemos a pairar na expectativa e antecipação das decisões (de quem de direito??)?!?..

Estamos a ficar habituados a tudo. "Eles" que decidam! Já não nos choca se 200 ou 300 meninas são raptadas (seja para que finalidade for, são raptadas), Se mães vendem os prostituem os filhos, se pedófilos vão poder continuar a trabalhar com crianças, se filhos cortam os pescoço à mãe, se o ex-marido mata a família toda da ex-mulher, se um sujeito mata outro e lhe come partes do corpo. Desde que seja longe, não me toca a mim.
Num pais onde os homossexuais são mais discriminados que os predadores sexuais (entre eles os pedófilos) porque lhes é permitido o anonimato.

Hoje estou mesmo zangada com os jornais, porque me entristece ver o caminho que seguimos. Os jornais só noticiam, eu sei e também sei que posso escolher não ler, mas os jornais também pode escolher as notícias ou forma como as apresentam. Há uma banalização e uma dependência do chocante, do sangue, da malvadez, do cruel, do imundo que nos afasta cada vez mais do "humanismo" e da convergência que é suposto termos mais presente nas nossas vidas. Deveríamos ser nós a recusar o que não nos alinha com a verdadeira essência.  
E não, não é nenhum tipo de censura, é apenas tristeza e desagrado pelo que me faz sentir.

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