9 de maio de 2013

Pudesse a vida permitir-me o tempo para tudo o que quero e acho que viveria uma realidade completamente diferente. A correria diária suga-me a energia e tudo o que resta depois das responsabilidades, obrigações, compromissos, é o pouco que consigo dedicar ao meu pequeno pirilampo. Embora para mim ele venha e virá sempre em primeiro lugar, muitas vezes não é isso que deixo ver, não é de propósito, é por estar envolvida na vida, é por achar que se não fizer o jantar ele não comerá, se não lavar a roupa ele não terá roupa limpa para vestir, se não for ao supermercado não terei nada em casa, se não trabalhar não terei dinheiro para o sustentar...
Não sou a única, sei que não, e sei que apesar de tudo tenho muita sorte, mas, seria tão bom que todos pudéssemos ter um pouco mais daquilo que gostamos. Estamos todos com medo do que virá.

Dizem, os "visionários", dizem as novas correntes de pensamento ou religião (ou modo de vida, sei lá) que deveríamos ser cada vez mais como todos os outros animais ao cimo da terra, os pássaros nunca vão dormir preocupados com o facto de no dia seguinte terem ou não alimento, eles confiam e a natureza providencia. É bonito, é muito bonito mas estamos longe.
É acima de tudo o medo, quanto mais nos "agarramos" mais a vida nos força a soltarmos. Aprendem-se grandes lições, não há dúvida, e acredito que estes últimos tempos que vivemos neste país têm ensinado muita coisa a muita gente. Eu, eu já aprendi algumas coisas, já aprendi que mais de metade de tudo aquilo que achava essencial era pura ilusão, e não falo só do material. O simples é tão mais fácil. A perda muitas vezes pode ser uma bênção (não me interpretem mal, depende da perda claro) está tudo "no relativo". O mais difícil é quando a perda é devastadora, se toda a família fica sem emprego, aí, não consigo nem imaginar que ensinamento se esconderá por de trás.
Tento sempre fazer o exercício do "tudo acontece por alguma razão", mas confesso que ás vezes não consigo mesmo vislumbrar "um boi" (ou a ponta de um corno - se preferirem).
Todos os dias novas realidades se dão a conhecer sobre famílias que perderam a casa, em que todos perderam emprego, em que as crianças quase só comem na escola... que poderá a vida querer dizer? Estaremos tão dentro e tão próximos do problema que não conseguimos ver mais nada? Será para criar humildade, será para gerar empatia e compaixão? Mas a que preço?
É verdade, a vida quando nos quer ensinar algo começa aos poucos, suavemente, devagar, se não escutarmos, ela insiste um bocadinho com mais força e por aí adiante até darmos ouvidos ou até perdermos tudo.
Tudo isto pode parecer uma grande parvoíce mas é nisto que encontro sentido para a vida. Temos o poder de fazer as nossas escolhas mas às vezes o buraco que criamos para nos metermos torna-se tão grande que não conseguimos ver mais nada em volta. 
A dimensão da emoção é que nos impede de agir.
E em última-última instancia tudo tem solução, quando perdemos tudo perdemos também o medo, a entrega é total, e se tivermos sorte, não nos faltará gente em volta para nos ajudar a erguer.
 
É inevitável, parece que já nem conseguimos pensar de outra forma, ia apenas escrever que queria ter mais tempo para mim, para o meu filho, para o meu blog, para a minha casa. Ia escrever que quando nos distanciamos emocionalmente e deixamos a razão à vontade muitas vezes encontramos pequenos caminhos que ajudam a ver a imagem grande. Ia escrever que alguém disse (um actor americano, acho eu) que a oportunidade não bate à porta mas aparece quando derrubamos a porta, quando destruímos aquilo que nos contém.
O que será o futuro? O futuro será como nós o construirmos.
Dizem que o "português" pensa pequeno mas grão a grão enche a galinha o papo e de pequeno futuro em pequeno futuro construiremos algo grande. É preciso não sucumbir, é preciso resiliência, chegaremos onde tivermos que chegar.
Haja saúde, certo?

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